Debate na Assembleia Geral das Nações Unidas é iniciado com harmonia entre delegações.
Consenso geral sobre a importância da regulamentação das mídias sociais marca abertura da reunião.
Cora Farias
06/06/2025
Apesar de historicamente apresentarem opiniões divergentes acerca de diversos tópicos, delegações como a dos Estados Unidos, da China, da Alemanha e de Cuba apresentaram concordância na discussão sobre as mídias sociais em contraste à soberania nacional na tarde desta sexta-feira (06).
Pontos sobre privacidade de dados e limites da liberdade de expressão também foram trazidos para a discussão pelas delegações da França e da Índia, e as 26 delegações presentes na reunião concordaram sobre a necessidade urgente da adoção de medidas acerca da regulamentação das mídias sociais — em equilíbrio com os direitos pessoais, a liberdade de expressão e os avanços tecnológicos — para o equilíbrio e segurança de suas nações.
Delegado do Reino Unido.
Foto: Laura Pedrosa.
Tal homogeneidade de posicionamentos pode ser atribuída ao cenário mundial atual, o qual revela-se, de modo geral, ameaçado pelos discursos de ódio e disseminação de notícias falsas on-line, que trazem malefícios para a economia e sociedade dos países representados na Assembleia. Como exemplos, podemos citar a manipulação de votos relacionada às fake news mencionada pela delegada da China e a imposição de ideologias referida pelo delegado do Reino Unido.
Embora tenha apresentado, na generalidade, equilíbrio de opiniões durante a sessão, alguns pontos de contraste também foram vistos nas considerações iniciais de certas delegações, tal como as menções à religião feitas pela Arábia Saudita e pelo Egito, a divergência entre a compreensão da censura entre os Estados Unidos e a China e a colocação de Cuba sobre seu entendimento acerca de ser alvo de informações falsas. Dado isso, todos os representantes das nações mostraram-se preocupados em manter sua ordem interna, a segurança digital e a manutenção dos direitos dos seus cidadãos, além de haverem algumas sugestões sobre parcerias internacionais.
Sistema cibernético dos EUA é invadido durante debate da ONU
Após defender a segurança suprema dos usuários de redes sociais, os Estados Unidos sofrem comprometimento no sistema de segurança cibernética.
Mabelle Amorim
06/06/2025
Delegada dos Estados Unidos da América. Foto: Laura Pedrosa.
Durante debate da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre as mídias sociais em contraste a soberania nacional, a Delegação Estadunidense argumenta, em discurso inicial, que a liberdade de expressão é fundamental para o uso das mídias e que, a fim de evitar inverdades na Internet deve ocorrer a manutenção suprema da soberania nacional com regulamentações e evitando a censura. Ademais, sugerem parcerias internacionais para o combate a disseminação de fake news e discursos de ódio que esses meios geram a todos.
Posteriormente, apesar do investimento em bilhões com cibersegurança, é anunciada a invasão por hackers no sistema de segurança cibernético da nação. Invasores ameaçam divulgar dados dos Estados Unidos caso não haja regulamentação em 72 horas. As comunidades virtuais desempenham papel crucial em diversos cenários, como na política e na informação, por isso, são pontos de muito investimento no território norte-americano. Vê-se que essa fragilidade numa potência como os Estados Unidos, com plataformas on-line influentes em todo o mundo, demonstra vulnerabilidade e gera questionamentos sobre a qualidade do sistema de segurança.
Discurso do Egito recebe destaque no 1⁰ dia de reuniões da ONU
Delegado Joaquim chama atenção após críticas empresas e chamar atenção para polêmicas envolvendo CEOs
Pedro Ernesto
06/06/2025
A reunião da ONU sobre as mídias sociais, teve início no dia de hoje (06/06), e a maioria das nações se mostrou alinhada sobre a forma de lidar com a liberdade de expressão, falando sobre regulamentar as redes sociais de forma equilibrada e moderada, porém uma das nações que apresentou uma linha de pensamento diferente, foi a delegação do Egito que defendeu a restrição do acesso às redes sociais que podem ser consideradas em suas palavras “não confiáveis”. Se posicionando de uma forma mais rígida em relação a regulamentação das redes sociais, comentando sobre polêmicas em que muitos CEOs de empresas importantes se envolvem, porém não citou o nome de nenhuma empresa ou CEO.
Em entrevista o delegado do Egito defendeu que o verdadeiro problema envolvendo as redes sociais, não são elas em si, são seus CEOs que pensam apenas no maior lucro possível, chegando a citar nomes como o de Mark Zuckerberg e Elon Musk. Sendo essa a motivação para colocar restrições ao acesso das redes, pelo receio de que possam afetar suas etnias, classes sociais, religiões entre outros, pois o Egito é um país que possui uma cultura e história muito rica, e as redes sociais tem o poder de moldar a opinião da população de uma forma negativa.
Porém, essas restrições não são muito bem recebidas por uma parcela da população, o que causa manifestações com uma frequência considerável. Essas medidas têm como objetivo manter de forma democrática as demandas da soberania nacional, e defende que é necessário uma decisão coletiva entre os países, para que cada nação tenha sua liberdade de expressão respeitando o seu legislativo.
Essa postura autoritarista do Egito, apresenta diversos pontos negativos e não é nada democrática, impedindo a livre expressão do jornalismo crítico e independente, essas medidas que não são apoiadas por grande parte da população, censurando muitos dos grandes veículos de imprensa, porque o país acredita que podem manipular a opinião da população, mas sem dar a oportunidade das pessoas terem acesso a mais fontes de informação, e decidirem de forma livre o que devem acreditar e defender.
“Apagão digital” na Argentina é foco na Assembleia Geral das Nações Unidas
Exposta na noite de ontem, medida do presidente Javier Milei estimula discussões sobre o limite entre a soberania nacional e a liberdade de expressão.
Cora Farias
07/06/2025
A manhã deste sábado (07) revisitou acontecimentos que movimentaram a noite de ontem (06) na AGNU, quando jornais entregues aos delegados mostraram o “apagão digital” imposto pelo presidente argentino Javier Milei — por meio do bloqueio das principais redes sociais no país — após críticas on-line direcionadas ao governo. A morte da argentina Camila Rivas, ocorrida em protesto pela liberdade digital após a censura, trouxe revolta às delegações e colocou a Argentina no centro do debate sobre a soberania nacional e a liberdade de expressão. Delegado da Argentina segura jornal que noticia recentes atos do presidente do país. Foto: Daniela Sobral.
Após o acontecimento, o debate, anteriormente focado na regulação das mídias sociais na busca da manutenção da soberania nacional, mudou de alvo, salientando a importância do direito à liberdade de expressão da população. As delegações não pouparam críticas tanto ao governo quanto à delegação argentina, exigindo posicionamentos sobre o ato em desacordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos e criticando a posição autoritária de Milei, como citado pela delegada dos Estados Unidos. Sanções e medidas contra a nação argentina também foram sugeridas pelo delegado da Alemanha.
Em entrevista à delegada da Polônia, a Folha reuniu opiniões que mostraram-se presentes em diferentes delegações na primeira sessão do dia, como as contradições do delegado da Argentina, o qual abalou o liberalismo que demonstrava inicialmente ao responder a críticas com ataques à China e à Rússia, e a desnecessidade dos ataques da polícia às manifestações não agressivas. Ademais, a delegada apresentou sugestões de medidas a serem tomadas em futuras manifestações, como intervenções pacíficas das forças armadas argentinas e a criação de comitês contra protestos agressivos.
Opondo-se às opiniões gerais, as delegações da China e da Rússia julgaram a intervenção do presidente argentino, embora desnecessariamente agressiva e incontestavelmente contrária à liberdade de expressão, como direito do governo de manter a ordem e a segurança internas, evitando crises e desorganizações gerais, demonstrando a diversidade de posicionamentos constante na Assembleia.
Delegado da Argentina segura jornal que noticia recentes atos do presidente do país.
Foto: Daniela Sobral.
Protestantes invadem Assembleia da ONU em busca de justiça pela tragédia ocorrida na América do Sul
Manifestantes do Brasil, Chile e Argentina ocupam debate das Nações Unidas em busca da liberdade de expressão e saem em defesa das vítimas de violência devido à censura.
Mabelle Amorim
07/06/2025
Manifestantes do Brasil, Chile e Argentina ocupam debate das Nações Unidas em busca da liberdade de expressão e saem em defesa das vítimas de violência devido à censura. Na última sexta-feira (6), foi revelado um apagão digital na Argentina, bloqueando o uso de redes sociais após protestos anticorrupção. Essa ação, promovida pelo atual presidente Javier Milei, contradiz o discurso inicial da delegação, que alega ser um país democrático e que tal regulamentação de mídias deve ocorrer sem censura. Países como Brasil e Chile obtiveram repercussão imediata, protestando contra o ato do governante argentino e lutando pela liberdade de expressão do povo.
A manifestação de países da América do Sul resultou na morte de 12 ativistas e no ferimento de centenas de pessoas com origem em países como Argentina, Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Paraguai, Uruguai e Peru.
Hoje, 7 de junho de 2025, manifestantes argentinos, brasileiros e chilenos adentram a Assembleia e lutam pelo direito de se expressar. O manifestante chileno e morador da Argentina, Juan, afirma ter presenciado a morte de sua própria mãe. José Dias, protestante argentino, questiona Marrocos por inicialmente demonstrar apoio à atitude de Milei e declara ser a prova viva de que o “apagão” foi real. Também afirma que as delegações não propuseram soluções e que abdicam de seus “valores pelo ego do presidente”.
A ocorrência dessa intervenção durante a Assembleia da ONU demonstra a facilidade de acesso de terceiros no decorrer de uma congregação, gerando questionamentos sobre a segurança e a proteção de um local importante, pacífico e que deve trazer confiança a todas as nações.
Legenda: Delegado da Argentina segura jornal que noticia recentes atos do presidente do país./ Foto: Daniela Sobral.
Itália propõe criação de órgão em conjunto com outros países para monitorar a liberdade de expressão
Após uma longa discussão sobre o ocorrido na Argentina, Chile e Brasil, o delegado que está representando a Itália fala sobre medidas para combater a censura.
Pedro Ernesto
07/06/2025
O segundo dia da reunião da ONU começou hoje, no dia (07/06), após a morte de manifestantes ocorrida na Argentina, Chile e Brasil. Muitos países consideram isso um atentado aos direitos humanos e uma grande violação à liberdade de expressão de forma democrática. Um dos países que se posicionou contra os acontecimentos na América do Sul foi a Itália, que se diz indignada com o ocorrido e defende que a Argentina cometeu censura.
Como forma de tentar evitar que esse tipo de situação, como a de ontem, ocorra novamente, a delegação italiana propõe que sejam apresentadas medidas para tornar possível o progresso na discussão, apoiando a criação de um órgão com a participação de outros países para monitorar se a liberdade está, de fato, sendo respeitada.
Em entrevista sobre o assunto, o delegado se pronunciou dizendo que, em base, as medidas a serem implementadas ocorreriam de forma mais padronizada ao redor do globo, porém reconheceu que adaptações seriam necessárias para se adequar à legislação de cada nação, respeitando a soberania nacional. Ele planeja fazer uma parceria com o órgão de regulamentação das redes sociais para evitar censura e abuso de poder, e diz estar aberto ao diálogo com qualquer país que queira participar.
Essas medidas propostas pela Itália podem parecer, à primeira vista, positivas. No entanto, medir de forma justa e imparcial qual é o limite da liberdade de expressão — principalmente considerando a participação de diversos países, que podem ter visões diferentes sobre o assunto — pode facilmente se tornar um desafio. Um órgão que foi criado com a intenção de apenas regular a liberdade de expressão e evitar discursos de ódio pode acabar se tornando uma organização de censura, por não conseguir traçar de forma organizada os limites do que é permitido.